Na infância, sonhava em explorar o mar, à procura de tesouros naufragados. Não pelos tesouros em si, mas porque pensava que, tirando-os de lá, poderia deixar, no lugar, os baús da sua memória, baús que queria ver carregados pra zona abissal. E, como tudo nela era superfície, a zona abissal tinha de ser externa, tinha de ser alheia.
Não demorou pra ela perceber que a ideia que tinha nunca funcionaria efetivamente. Foi então que passou a fazer dos homens sua zona abissal, passou a confiar a cada um o que não queria nem devia carregar. Mas os homens foram naufragando. E ela nunca soube o porquê. Apenas, por respeito aos tesouros naufragados, evitava se banhar nas águas do mar.
domingo, 18 de outubro de 2009
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