segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Meio da tarde
Segunda, meio da tarde: os desejos acordam. Sim, os desejos que o domingo havia posto pra dormir acordam e me cutucam, me cutucam para a vida.
domingo, 30 de agosto de 2009
Garças
Vejo a imagem aí de baixo e me lembro das garças que vi, há umas semanas, pela manhã, no rio que fica em frente à livraria Cultura daqui de Recife, lembro das garças que fiquei olhando enquanto esperava a livraria abrir, do balé delas e da beleza.
Não, não era domingo, mas, por algum motivo que, agora, me foge, penso que garças têm cara de domingo, penso e posto a foto aí de baixo aqui, foto essa da capa de um livro de Alice Melvin chamado Counting Birds.
(Talvez ache que garças têm cara de domingo porque penso que os domingos são feitos para deslizarmos sobre eles, não para corrermos)
Não, não era domingo, mas, por algum motivo que, agora, me foge, penso que garças têm cara de domingo, penso e posto a foto aí de baixo aqui, foto essa da capa de um livro de Alice Melvin chamado Counting Birds.
(Talvez ache que garças têm cara de domingo porque penso que os domingos são feitos para deslizarmos sobre eles, não para corrermos)
sábado, 29 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Pressa
Vejo, na estrada, um homem em uma moto, um homem em uma moto e puxando um cachorro (preso à moto por uma espécie de barbante, motivo por que tem de correr, já que a moto, claro, corre). Vejo aquele cachorro correndo e fico chocada.
Digo a mim mesma que correr não faz parte da natureza dos cachorros.
Mas e da natureza dos homens, faz parte?
Digo a mim mesma que correr não faz parte da natureza dos cachorros.
Mas e da natureza dos homens, faz parte?
pequena explicação
me ausentei por estes dias porque embora tenha me formado em direito, tenho mesmo exercido a função de enfermeira, com muito mais frequência do que a minha profissão de formação. Quem sabe junto com a graduação de direito eu não tenha - inesperadamente - ganhado de brinde uma graduação a mais. Eu devo mesmo ter errado de curso...
Essas coisas da vida.
ps: ah! apesar da falta de talento da enfermeira, o paciente está bem. cada vez melhor.
Essas coisas da vida.
ps: ah! apesar da falta de talento da enfermeira, o paciente está bem. cada vez melhor.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Amanhã
Vejo essa imagem e lembro de algo que li em "A elegância do ouriço", de Muriel Barbery. Diz assim: "se tememos o amanhã, é porque não sabemos contruir o presente e, quando não sabemos contruir o presente, contamos que amanhã saberemos e nos ferramos, porque amanhã acaba sempre por se tornar hoje, não é mesmo? (...) é agora que importa: construir agora, alguma coisa, a qualquer preço, com todas as nossas forças. (...) nos superarmos a cada dia, para tornar cada dia imperecível. Escalar passo a passo nosso próprio Everest e fazê-lo de tal modo que cada passo seja um pouco de eternidade. O futuro serve para isto: para construir o presente".
(Engraçado: acho 'amanhã' uma palavra que soa literária, ao passo que 'futuro' me parece tão científica, tão tecnológica. Por isso, este post se chama 'amanhã', e não 'futuro')
Ah!, a imagem aí de cima é de um trabalho de Markus Leitsch, chamado, como não poderia deixar de ser, "Gone tomorrow".
sábado, 22 de agosto de 2009
Não
Eu não quero a memória que embota a ação. Quero nascer a cada instante. Quero nascer em cada instante e, assim, dona de vários mapas astrais, ter múltiplas possibilidades, múltiplas vidas.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Jardim
Há um tempo, ouvindo Titãs ("Os cegos do castelo"), fiquei pensando que ninguém pode cuidar de jardim alheio, só do próprio. Fiquei pensando que o máximo que se pode fazer é inspirar os outros a cuidarem do próprio jardim. Inspirar. Nada mais (se bem que inspirar não é pouco, aliás, por vezes, é tudo o que se necessita, não é mesmo?).
Agora, lendo uma entrevista de Zygmunt Bauman à Cult (sim, a revista), essa questão me voltou à cabeça por causa de uma resposta que transcrevo a seguir:
"Cult - Por que se fala tanto hoje de 'fim das utopias'?
Bauman - Na era pré-moderna, a metáfora que simboliza a presença humana é a do caçador. A principal tarefa do caçador é defender os terrenos de sua ação de toda e qualquer interferência humana, a fim de defender e preservar, por assim dizer, o 'equilíbrio natural'. A ação do caçador repousa sobre a crença de que as coisas estão no seu melhor estágio quando não estão com reparos; de que o mundo é um sistema divino em que cada criatura tem seu lugar legítimo e funcional; e de que mesmo os seres humanos têm habilidades mentais demasiado limitadas para compreender a sabedoria e harmonia da concepção de Deus.
Já no mundo moderno, a metáfora da humanidade é a do jardineiro. O jardineiro não assume que não haveria ordem no mundo, mas que ela depende da constante atenção e esforço de cada um. Os jardineiros sabem bem que tipos de plantas devem e não devem crescer e que tudo está sob seus cuidados. Ele trabalha primeiramente com um arranjo feito em sua cabeça e depois o realiza. Ele força a sua concepção prévia, o seu enredo, incentivando o crescimento de certos tipos de plantas e destruindo aquelas que não são desejáveis, as ervas 'daninhas'. É do jardineiro que tendem a sair os mais fervorosos produtores de utopias. Se ouvimos discursos que pregam o fim das utopias, é porque o jardineiro está sendo trocado, novamente, pela ideia do caçador."
Agora, lendo uma entrevista de Zygmunt Bauman à Cult (sim, a revista), essa questão me voltou à cabeça por causa de uma resposta que transcrevo a seguir:
"Cult - Por que se fala tanto hoje de 'fim das utopias'?
Bauman - Na era pré-moderna, a metáfora que simboliza a presença humana é a do caçador. A principal tarefa do caçador é defender os terrenos de sua ação de toda e qualquer interferência humana, a fim de defender e preservar, por assim dizer, o 'equilíbrio natural'. A ação do caçador repousa sobre a crença de que as coisas estão no seu melhor estágio quando não estão com reparos; de que o mundo é um sistema divino em que cada criatura tem seu lugar legítimo e funcional; e de que mesmo os seres humanos têm habilidades mentais demasiado limitadas para compreender a sabedoria e harmonia da concepção de Deus.
Já no mundo moderno, a metáfora da humanidade é a do jardineiro. O jardineiro não assume que não haveria ordem no mundo, mas que ela depende da constante atenção e esforço de cada um. Os jardineiros sabem bem que tipos de plantas devem e não devem crescer e que tudo está sob seus cuidados. Ele trabalha primeiramente com um arranjo feito em sua cabeça e depois o realiza. Ele força a sua concepção prévia, o seu enredo, incentivando o crescimento de certos tipos de plantas e destruindo aquelas que não são desejáveis, as ervas 'daninhas'. É do jardineiro que tendem a sair os mais fervorosos produtores de utopias. Se ouvimos discursos que pregam o fim das utopias, é porque o jardineiro está sendo trocado, novamente, pela ideia do caçador."
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Tempo
Porque meu último post me fez lembrar dessas linhas:
Amar o tempo
Que poderia estar sendo
Amar o tempo
Que o é em pensamento
Amar o tempo secreto
O tempo desejo
Interior
Amar o tempo
Que poderia ser
Que é, ainda que tempo-não tempo,
Ainda que tempo perdido, naquilo que não se fez
Amar o tempo que é
Por mais que nunca tenha sido
Por mais que nunca venha a ser
Amar o tempo
Que poderia estar sendo
Amar o tempo
Que o é em pensamento
Amar o tempo secreto
O tempo desejo
Interior
Amar o tempo
Que poderia ser
Que é, ainda que tempo-não tempo,
Ainda que tempo perdido, naquilo que não se fez
Amar o tempo que é
Por mais que nunca tenha sido
Por mais que nunca venha a ser
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
Sobre concretizações (e perdas(?))
Às vezes, a gente quer muito uma coisa, mas, quando a possibilidade de concretização se avizinha, vem medo de perder uma outra, uma outra coisa que a gente tem.
Não quero pensar sobre qual é mais importante, porque, por vezes, essa ponderação simplesmente não cabe, e não cabe por ter uma coisa natureza tão distinta e importância tão distinta da outra coisa. Mas não consigo deixar de pensar que, se o advento de algo implica, necessariamente, a perda de outro algo, talvez seja porque esse outro algo, na verdade, nunca foi nosso (por mais que tenha sido).
Não quero pensar sobre qual é mais importante, porque, por vezes, essa ponderação simplesmente não cabe, e não cabe por ter uma coisa natureza tão distinta e importância tão distinta da outra coisa. Mas não consigo deixar de pensar que, se o advento de algo implica, necessariamente, a perda de outro algo, talvez seja porque esse outro algo, na verdade, nunca foi nosso (por mais que tenha sido).
sábado, 15 de agosto de 2009
do amor
Ele diz que a ama.
Ela desdenha.
E cortante, diz:
"Como ama se não olhas as estrelas?"
Tenho que concordar com ela.
O amor não combina com a pressa.
O amor é bicho preguiçoso...
Ela desdenha.
E cortante, diz:
"Como ama se não olhas as estrelas?"
Tenho que concordar com ela.
O amor não combina com a pressa.
O amor é bicho preguiçoso...
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Rosa
Havia uma rosa no meio do meu dia
Uma rosa para mitigar a solidão do asfalto
Rosa ainda em botão
Que só brotaria ao colher a lágrima solitária
Uma rosa para mitigar a solidão do asfalto
Rosa ainda em botão
Que só brotaria ao colher a lágrima solitária
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Pra perder o medo
Praticamente não conhecia Beto Guedes (na verdade, acho que continuo não conhecendo). De uma forma ou de outra, porém, um amigo me deu um cd dele (de Beto Guedes) e gostei muito desses versos:
"Estender o sol na varanda até queimar
só pra não ter mais nada a perder
pra perder o medo, mudar de céu, mudar de ar
clarear de vez Lumiar"
"Estender o sol na varanda até queimar
só pra não ter mais nada a perder
pra perder o medo, mudar de céu, mudar de ar
clarear de vez Lumiar"
terça-feira, 11 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Pra começar a semana
domingo, 9 de agosto de 2009
sábado, 8 de agosto de 2009
Poema de Yeats
"Quando você ficar velha, grisalha e muito sonolenta,
E cochilando perto do fogo, pegue este livro,
E leia lentamente, e sonhe com o olhar suave
Que seus olhos um dia tiveram, e com a profundidade de suas sombras;
Quantos amaram seus momentos de radioso encanto,
E amaram sua beleza com falso ou verdadeiro amor,
Mas um homem amou a alma peregrina em você,
E amou as mágoas do seu rosto cambiante."
E cochilando perto do fogo, pegue este livro,
E leia lentamente, e sonhe com o olhar suave
Que seus olhos um dia tiveram, e com a profundidade de suas sombras;
Quantos amaram seus momentos de radioso encanto,
E amaram sua beleza com falso ou verdadeiro amor,
Mas um homem amou a alma peregrina em você,
E amou as mágoas do seu rosto cambiante."
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Desabar sobre os homens
Hoje a chuva me caiu leve.
E cantei:
"Menina, amanhã de manhã
quando a gente acordar
quero te dizer
que a felicidade vai
desabar sobre os homens
Na hora ninguém escapa
debaixo da cama
ninguém se esconde
a felicidade vai
desabar sobre os homens"
(Tom Zé)
E cantei:
"Menina, amanhã de manhã
quando a gente acordar
quero te dizer
que a felicidade vai
desabar sobre os homens
Na hora ninguém escapa
debaixo da cama
ninguém se esconde
a felicidade vai
desabar sobre os homens"
(Tom Zé)
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Frase de Carpinejar
"Mexa as chaves no bolso para despertar uma porta."
Lembrarei dessa sugestão a partir de agora. Lembrem vocês também, se possível. :)
Lembrarei dessa sugestão a partir de agora. Lembrem vocês também, se possível. :)
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Bonsai
Ela sempre quisera ter um bonsai. Mas, antes que isso acontecesse, ele apareceu. Apareceu e, em um dado dia, lhe disse: "se eu tivesse te tirado no amigo secreto, te daria um bonsai".
Ele deve ter imaginado que ela gostaria de um bonsai. Sim, porque ela nunca havia falado nada a respeito. Mesmo nunca tendo falado nada, porém, talvez por sempre ter dito pra si mesma que, no dia em que montasse a própria casa, teria um bonsai, ela não esqueceu daquela frase.
Hoje, ela queria ter esquecido. É que, se tivesse esquecido, hoje ela poderia ter um bonsai. Não, ela não pode mais. Por quê? Porque os bonsais a remetem a ele, ele que se transformou em uma lembrança indesejada (indesejada porque ela acha que ele não foi nada legal com ela). Mas, ainda que ela pense que não mais deve ter um bonsai em casa, seus olhos continuam a apreciar a beleza dos bonsais. É por isso que, agora, ela dá bonsais de presente, ela dá o que ela não mais pode ter.
Ele deve ter imaginado que ela gostaria de um bonsai. Sim, porque ela nunca havia falado nada a respeito. Mesmo nunca tendo falado nada, porém, talvez por sempre ter dito pra si mesma que, no dia em que montasse a própria casa, teria um bonsai, ela não esqueceu daquela frase.
Hoje, ela queria ter esquecido. É que, se tivesse esquecido, hoje ela poderia ter um bonsai. Não, ela não pode mais. Por quê? Porque os bonsais a remetem a ele, ele que se transformou em uma lembrança indesejada (indesejada porque ela acha que ele não foi nada legal com ela). Mas, ainda que ela pense que não mais deve ter um bonsai em casa, seus olhos continuam a apreciar a beleza dos bonsais. É por isso que, agora, ela dá bonsais de presente, ela dá o que ela não mais pode ter.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Laranja
Antes: rosas amarelas. Pra preservar a doçura.
Hoje: par de óculos laranjas. Pra ver o mundo sempre amanhecendo.
"Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo."
(Adélia Prado)
Hoje: par de óculos laranjas. Pra ver o mundo sempre amanhecendo.
"Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo."
(Adélia Prado)
domingo, 2 de agosto de 2009
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