quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Não me venha com o tal do presente sobrado-repassado!

As normas de etiqueta mandam: NÃO CHEGUE NUMA FESTA DE ANIVERSÁRIO SEM PRESENTE!!! E as pessoas obedecem, inadvertidamente, sem maiores transtornos, afinal de contas, tem uma lojinha logo ali embaixo do prédio, que vende umas lembrancinhas ótimas! E baratinhas! E você não vai querer fazer feio, melando o seu social, chegando de mãos abanando na festinha, vai? Vão pensar o que de você???

Ou então, mais fácil e menos custoso ainda, tem aquela blusinha MA-RA-VI-LHO-SA que você ganhou no Natal passado e nem usou... [nota: já estamos em fevereiro].

Você fica pensando... A embalagem ainda está impecável – porque você é muito precavida, já guardou o presente com o maior cuidado para situações como essa... E seria um desperdício deixá-la lá, escondida no guarda-roupa, sem cumprir a sua grandiosa função social de vestir as pessoas... Além do mais, é a cara dela, ela vai adorar essa gola de oncinha!!! [nota: só se lembre de tirar a etiqueta com a data da compra; fica meio chato se a pessoa presenteada vir que ganhou um presente sobrado-repassado, ainda mais se ele já tem 2 meses de comprado, né?].

Olha, o tal do presente sobrado-repassado... Eita coisinha mais sem graça! Odeio!

E não é que eu seja uma porca-capitalista-interesseira-hipócrita, não... Só que eu gosto de presentes significativos, com açúcar e com afeto, escolhidos especialmente para mim... Que mal há nisso??? Do contrário, o ato de presentear perde o sentido, não é?

O tal do presente sobrado-repassado é aquele presente nada a ver com você, que você, inocentemente, ganhou de alguém que já o tinha ganhado de presente antes, e este alguém detestou, perdeu o prazo de troca e, dolosamente, com animus mesquinhus, guardou-o para repassar em eventualidades como... O seu aniversário!!! Que sorte a sua...

Bônus triplo para o pirangueiro: economia + boca livre + aparecer com um presente – mesmo que uma porcaria, afinal, é a presença e a lembrança que contam! É...

O mal está no seguinte: quem dá o presente sobrado-repassado possui uma dimensão íntima egoístico-patológica que assassina o simbolismo do ato de presentear, tornando-o uma obrigação social fria, calculista e interesseira. Que chato!

Ahhh! Existe coisa mais gostosa do que ganhar uma lembrancinha, bem baratinha, que grita para o mundo: fui comprada especialmente pra você!!! ? Ou achar um simples presentinho que é a cara – esculpida em Carrara – do seu amigo, e surpreendê-lo???

Há coisas que não têm preço... Para todas as outras, existe o mastercard.

Então não me venha com o tal do presente sobrado-repassado!!!

[nota final: lembre que não custa nada, antes de entrar na loja para trocar a blusinha por um número maior – aquela que ganhou de aniversário daquela coleguinha de trabalho –, conferir a data da compra na etiqueta; evite constrangimentos.]

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