sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

"O leitor"

Bem no comecinho da semana, assisti a "O leitor". Queria muito ver, mas não tava esperando lá tanta coisa. Acho que ficou quase totalmente dentro das minhas expectativas (dentro da categoria "filmes que não surpreendem"). Digo 'quase totalmente' porque achei o final bom o bastante pra fazer valer a pena os 124 minutos passados diante da tela do cinema assistindo ao filme começar, desenvolver-se e, finalmente, terminar.

Não que, antes do final, não haja cenas que valham a pena. Tem umas boas o bastante pra justificar que a gente se lembre delas depois, como a cena em que, bem, não vou contar, melhor, vou sim, mas superficialmente, de modo que não atrapalhe quem ainda não viu. :) Como eu dizia, uma cena ótima é a em que o personagem de Kate Winslet reconhece, no Tribunal, que assinou um relatório que cuidava da morte de várias judias dentro de uma igreja. É aí que ela diz uma frase que boa parte da crítica reproduziu, algo mais ou menos como: o dever dos guardas é justamente impedir que os seus prisioneiros fujam. Essa frase, analisada em conjunto com o que "O leitor" (esqueci o nome dele, embora lembre que o personagem de Kate Winslet o chama o tempo todo de "kid") descobre quanto à confissão de sua antiga amante e ouvinte, faz quem assiste sentir nem que seja um pouco de pena daquela mulher.

Enfim, talvez o grande êxito do filme seja o de fugir de uma narrativa maniqueísta e, nessa direção, as últimas frases contribuem de forma significativa. Verdade, contribuem. E contribuem também pra que a gente saia do cinema sem aquela visão distorcida de que pessoas que cometem crimes não são como nós e não têm nada de bom. Talvez seja justamente porque elas são como nós que as levamos ao banco dos réus: para que elas nos lembrem que não podemos agir daquele jeito de novo, para que elas nos lembrem que precisamos parar de agir daquele jeito de novo. E é porque elas são como nós que elas também fazem coisas que aprovamos. É porque elas são como nós que o personagem de Ralph Fiennes diz: "Eu tinha 15 anos. Estava voltando da escola, comecei a me sentir mal e uma mulher me ajudou."

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