O sol é uma flor
Despetalada
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Mundo. E mar
Por uma janela
Vejo o mundo
Por outra janela
Vejo o mar
O mundo só
Só me dá o chão
O mar tem ondas
Pra me embalar
Vejo o mundo
Por outra janela
Vejo o mar
O mundo só
Só me dá o chão
O mar tem ondas
Pra me embalar
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Alegria
É preciso estar muito próximo da alegria quando criança. Sim, porque, quando adultos, gastamos nosso estoque de alegria feito na infância. Assim, se o estoque não era grande o suficiente, é bem mais penoso seguir em frente.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Balanço
O balanço ensina
A criança
Sobre o balançar das ondas
Sobre o balançar do vento
Sobre o balançar de tudo que é vivo
A criança
Sobre o balançar das ondas
Sobre o balançar do vento
Sobre o balançar de tudo que é vivo
sábado, 31 de julho de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
do barro
Era a primeira vez que pisava naquele território intocado.
Então respirou profundamente e pôde ouvir as vozes ancestrais da terra.
Então respirou profundamente e pôde ouvir as vozes ancestrais da terra.
terça-feira, 27 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Leopardo
O leopardo anda, se exibe; devagar. O leopardo examina o terreno, calmamente; só depois, pula.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
da amizade
há pessoas que nos tocam na essência.
são essas que levamos conosco.
encontros atemporais.
eternos.
são essas que levamos conosco.
encontros atemporais.
eternos.
domingo, 27 de junho de 2010
Compartilhando...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Sobre caminhos
Gostei tanto do poema abaixo que não resisti a compartilhar:
"Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"
(José Régio)
"Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"
(José Régio)
sábado, 19 de junho de 2010
Desejo
Queria acreditar só precisar de sol, vento e quietude. Ocorre que, pra isso, era preciso desaprender. Desaprender... talvez a coisa mais importante na vida.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
encontros
apesar da diferenças dos caminhos sempre há os pontos em comum.
por isso ela seguia com a certeza de que ele estaria ao seu lado...
por isso ela seguia com a certeza de que ele estaria ao seu lado...
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Abstenção
Te falei sobre aquele lugar. Mas não fui com você lá. É que nós não estávamos prontos... pra sobreviver ao pôr do sol.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Lapidação
Não é preciso pedir nada. A gente já é. Talvez só seja necessário lapidar um pouco. Ou muito. Mas apenas lapidar. Fazer vir a lume...
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Amor
Ela não pode mais estar a teu lado. Mas ela sinceramente espera que você se cuide.
(Talvez amor mesmo seja quando tudo se acaba e o outro continua a querer zelar pela gente, e o outro continua a zelar pela gente ainda que à distância. Ainda que à distância e seguindo a própria vida)
(Talvez amor mesmo seja quando tudo se acaba e o outro continua a querer zelar pela gente, e o outro continua a zelar pela gente ainda que à distância. Ainda que à distância e seguindo a própria vida)
quarta-feira, 2 de junho de 2010
recordar
uma carta sempre tem uma nota de saudade.
é como se de repente o passado entrasse pela janela.
e o que passou sempre ganha tons suaves.
recordar, trazer de volta ao coração, já dizia uma antiga e querida professora...
é como se de repente o passado entrasse pela janela.
e o que passou sempre ganha tons suaves.
recordar, trazer de volta ao coração, já dizia uma antiga e querida professora...
domingo, 30 de maio de 2010
Lágrima
Lágrima é água que, diferentemente da água, não faz nascer. Lágrima é dor expelida. É processo de limpeza interior, que abre espaço para novos nascimentos. Mas, antes desses nascimentos, a lágrima é substituída pelo vazio. O vazio que, por algum tempo, vai ser o tudo, tudo onde os nascimentos desabrocharão.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
Ressureição
Ando com um trecho de um conto que li na Cult deste mês na cabeça. Diz assim:
"Vai para mais de vinte e quatro horas que o sonho acabou e ele não volta a ser o que era. Porque entre o ainda-é e o já-não-é permeia uma rachadura. Ressurreição é moeda falsa."
(Ivone C. Benedetti, Natal)
"Vai para mais de vinte e quatro horas que o sonho acabou e ele não volta a ser o que era. Porque entre o ainda-é e o já-não-é permeia uma rachadura. Ressurreição é moeda falsa."
(Ivone C. Benedetti, Natal)
sexta-feira, 21 de maio de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Ser
Lendo uma crônica de Samarone (http://www.estuario.com.br/), me deparei com uma frase que me fez lembrar dos meus últimos posts. Diz assim:
"De manhã posso ser um menino, ao meio dia um velho rabugento, à tarde um adolescente empolgado e à noite um sujeito de idade desconhecida, ruminando algo sem muito futuro."
"De manhã posso ser um menino, ao meio dia um velho rabugento, à tarde um adolescente empolgado e à noite um sujeito de idade desconhecida, ruminando algo sem muito futuro."
domingo, 9 de maio de 2010
Compromisso e necessidade
A literatura é o espaço da liberdade por excelência. Nele, não existem compromissos. É que, como já disse Pessoa, "o poeta é um fingidor". É isso. Na literatura, não há compromisso com o que se conta ou se descreve. Só existe um compromisso, o de escrever, que, na verdade, na verdade, não é compromisso, mas necessidade.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Facetas
Não é mais tempo de promessas. Nem de viver de joelhos dobrados. Na verdade, esse tempo nunca existiu. O problema é só a gente se dar conta. O problema é só a gente perceber. O tempo é sempre o mesmo. Diferentemente de mim e de você, o tempo não tem facetas.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
Burocracia... (sim, burocracia...)
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Infinito
Lembrei ontem de um trecho de um poema de Hilda Hilst de que gosto bastante e pensei em postar aqui. Diz assim:
"(...)
VIII
Costuro o infinito sobre o peito
E no entanto sou água fugidia e amarga
E sou crível e antiga como aquilo que vês:
Pedras, frontões no Todo inamovível
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes
Recente, inumana, inexprimível
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam
(...)"
(Da noite)
Costuremos o infinito...
"(...)
VIII
Costuro o infinito sobre o peito
E no entanto sou água fugidia e amarga
E sou crível e antiga como aquilo que vês:
Pedras, frontões no Todo inamovível
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes
Recente, inumana, inexprimível
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam
(...)"
(Da noite)
Costuremos o infinito...
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Sacro
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Símbolos
(Um textinho antigo:)
I
Vou devolver a chave. A chave que passou a ser minha, depois de ser tua. A chave que se tornou minha ao sair de tuas mãos. Sim, vou devolver a chave que, agora, percebo, trazia consigo o anúncio, o anúncio de que não cabia estarmos juntos. Não.
Primeiro, você. Depois, eu. Tempos distintos. Passos distintos. Isso a chave me avisava, mas eu não ouvia. Melhor, isso a chave simbolizava, mas eu não percebia. Só agora, agora, quando estou prestes a dá-la, a quem agora ela pertence, só agora percebo o que eu devia ter sabido desde o princípio. Percebo que nossos passos não são simultâneos. Não, não são simultâneos e, assim, não haveria como termos o mesmo caminhar.
II
Ontem, algo me remeteu aos nossos caminhares e, desse modo, me fez pensar em você e em mim. Não em nós (apenas em você e em mim), porque o nós, o nós, você sabe, não existe. Mas, ontem, ontem, como eu dizia, eu vi algo e, imediatamente, lembrei dos nossos caminhares. Sim, vi algo, algo, a princípio, desprovido de sentido, mas algo que nos retrata com precisão.
Observei uma sandália e um sapato. Uma sandália e um sapato postos, por mim, lado a lado. Despretensiosamente postos por mim lado a lado, para assim ficarem até que seus pares retornem do conserto. Para assim ficarem, provisoriamente, até que seus destinos possam reencontrar os trilhos, os trilhos que guiam cada qual e seu par. Até que seus destinos possam reencontrar o passo harmônico e deixar de lado o transitório descompasso.
III
Eu não queria te contar, mas vou dizer. Apesar desses símbolos, eu tinha deixado estas linhas de lado. Não, não as havia descartado. Somente as pusera para dormir. Dormir enquanto esperava encontrássemos um novo ritmo, um novo ritmo para um fim diverso do que anunciei.
Mas assim não foi, nem eu mais acredito que ainda possa ser, de modo que, agora, ponho um ponto final no que quer que nos envolva. Um ponto final na nossa não-história. E nestas linhas.
I
Vou devolver a chave. A chave que passou a ser minha, depois de ser tua. A chave que se tornou minha ao sair de tuas mãos. Sim, vou devolver a chave que, agora, percebo, trazia consigo o anúncio, o anúncio de que não cabia estarmos juntos. Não.
Primeiro, você. Depois, eu. Tempos distintos. Passos distintos. Isso a chave me avisava, mas eu não ouvia. Melhor, isso a chave simbolizava, mas eu não percebia. Só agora, agora, quando estou prestes a dá-la, a quem agora ela pertence, só agora percebo o que eu devia ter sabido desde o princípio. Percebo que nossos passos não são simultâneos. Não, não são simultâneos e, assim, não haveria como termos o mesmo caminhar.
II
Ontem, algo me remeteu aos nossos caminhares e, desse modo, me fez pensar em você e em mim. Não em nós (apenas em você e em mim), porque o nós, o nós, você sabe, não existe. Mas, ontem, ontem, como eu dizia, eu vi algo e, imediatamente, lembrei dos nossos caminhares. Sim, vi algo, algo, a princípio, desprovido de sentido, mas algo que nos retrata com precisão.
Observei uma sandália e um sapato. Uma sandália e um sapato postos, por mim, lado a lado. Despretensiosamente postos por mim lado a lado, para assim ficarem até que seus pares retornem do conserto. Para assim ficarem, provisoriamente, até que seus destinos possam reencontrar os trilhos, os trilhos que guiam cada qual e seu par. Até que seus destinos possam reencontrar o passo harmônico e deixar de lado o transitório descompasso.
III
Eu não queria te contar, mas vou dizer. Apesar desses símbolos, eu tinha deixado estas linhas de lado. Não, não as havia descartado. Somente as pusera para dormir. Dormir enquanto esperava encontrássemos um novo ritmo, um novo ritmo para um fim diverso do que anunciei.
Mas assim não foi, nem eu mais acredito que ainda possa ser, de modo que, agora, ponho um ponto final no que quer que nos envolva. Um ponto final na nossa não-história. E nestas linhas.
sábado, 10 de abril de 2010
Fingimento
Não finjo por maldade, ele falou. - Finjo porque não estou pronto. Finjo porque ainda preciso superar, preciso parar de fazer do passado presente. Só assim poderei voltar a sempre ser natural.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Essência
Minha essência é de sal. Por isso me reencontro no mar.
Minha essência é de sal. Por isso tenho fome de açúcar.
Minha essência é de sal. Por isso tenho fome de açúcar.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Cedo
"(...) Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer..."
(Pra não dizer que não falei das flores, Composição: Geraldo Vandré)
Cedo é adjetivo praquilo que não quero
Não espera acontecer..."
(Pra não dizer que não falei das flores, Composição: Geraldo Vandré)
Cedo é adjetivo praquilo que não quero
sexta-feira, 26 de março de 2010
águas profundas
usava a razão como escudo.
protegia assim a suas águas profundas de emoção.
lugar inabitado.
de beleza misteriosa.
apenas a quem se entregasse permitiria tocar neste sagrado chão.
coração.
protegia assim a suas águas profundas de emoção.
lugar inabitado.
de beleza misteriosa.
apenas a quem se entregasse permitiria tocar neste sagrado chão.
coração.
quinta-feira, 25 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
livre
"ah se eu fosse marinheiro
seria doce meu lar
não só o Rio de Janeiro
a imensidão e o mar
leste oeste norte sul
onde o homem se situa
quando o sol sobre o azul
ou quando no mar a lua
não buscaria conforto
nem juntaria dinheiro
um amor em cada porto"
segunda-feira, 22 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
pacata e feliz
eram os adjetivos que qualificavam a sua vida.
Até que um dia chegou em casa e não mais o encontrou. Numa tarde, sem nenhuma explicação ele a deixara. Não deixara nem a lembrança. Com o passar dos dias nem o seu cheiro pertencia mais aquele ambiente quase clautrofóbico.
Não comentou nada com os colegas de trabalho. Manteve rigorosamente a mesma rotina.
Sufocara a sua dor e escondera as lágrimas. Aprendera que uma fossa dramática e vingativa só era bonita na canção.
Mas cantarolava discretamente:
"Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Só pra mostrar que ainda sou tua"
Até que um dia chegou em casa e não mais o encontrou. Numa tarde, sem nenhuma explicação ele a deixara. Não deixara nem a lembrança. Com o passar dos dias nem o seu cheiro pertencia mais aquele ambiente quase clautrofóbico.
Não comentou nada com os colegas de trabalho. Manteve rigorosamente a mesma rotina.
Sufocara a sua dor e escondera as lágrimas. Aprendera que uma fossa dramática e vingativa só era bonita na canção.
Mas cantarolava discretamente:
"Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Só pra mostrar que ainda sou tua"
sábado, 20 de março de 2010
Flores
Todas as manhãs, comprava flores e as colocava num vaso, sobre a mesa.
Sobre a mesa colocava flores, todas as manhãs.
Todas as manhãs...
É que ela não estava preparada. Pra cuidar de um jardim. Por isso comprava flores, todas as manhãs.
Sobre a mesa colocava flores, todas as manhãs.
Todas as manhãs...
É que ela não estava preparada. Pra cuidar de um jardim. Por isso comprava flores, todas as manhãs.
quinta-feira, 18 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
Olhar
Talvez não seja preciso olharmos na mesma direção. Na verdade, acho que basta olharmos em frente. Quanto à direção, prefiro não seja a mesma. É que, assim, podemos ter visões diversas. É que, assim, não ficamos fadados à mesmice.
...me mostra alguma coisa em que eu não tinha pensado.
...me mostra alguma coisa em que eu não tinha pensado.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Literatura
Talvez a literatura seja uma procura por respostas. Ou por sentimentos, que não são resposta, mas instantes.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Gato preto
Um gato preto passa correndo no meio da noite chuvosa. Eu me arrepio e lembro que, à noite, nunca há arco-íris.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Conceito
Transcender deve ser ficar sentimental quando se pousa na mesa de um bar
"Sentimental eu fico
Letra: Renato Teixeira
Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carente
De cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida
Mais um ponto
No arremate do sorriso mais um nó
Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E apesar de estar no bar caçando amores
Eu nego tudo e invento explicações
Amigo velho amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu fico . . .
E os projetos todos tolos combinados
Perecerão nas margens da manhã
Uma tontura solta na cabeça
Um olho em Deus e outro com satã
E quando o sol raiar desentendido
Eu vou ferir a vista no amanhã
E olharei para quem vai pro trabalho
Com os olhos feito os olhos de uma rã"
"Sentimental eu fico
Letra: Renato Teixeira
Sentimental eu fico
Quando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carente
De cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida
Mais um ponto
No arremate do sorriso mais um nó
Aqui pra nós cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E apesar de estar no bar caçando amores
Eu nego tudo e invento explicações
Amigo velho amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu fico . . .
E os projetos todos tolos combinados
Perecerão nas margens da manhã
Uma tontura solta na cabeça
Um olho em Deus e outro com satã
E quando o sol raiar desentendido
Eu vou ferir a vista no amanhã
E olharei para quem vai pro trabalho
Com os olhos feito os olhos de uma rã"
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
luta
O pôr-do-sol visto de cima é a luta do sol pelos seus últimos momentos. É um pôr fogo no céu enquanto a lua insiste na serenidade.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Repetição
Eu nasci em um momento de dor. E é em meio à dor que, dentro de mim, as coisas, por sua vez, nascem.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Duplicidade
Antes de ontem, fui assistir "Diários de Sintra", de Paula Gaitán, e ouvi uma coisa linda:
"Um deserto sem água numa noite sem lua, num país sem nome, numa terra nua."
Ouvi e fiquei pensando que essa pode ser uma linda definição pro nada. Ou pro tudo. Ou pro nada e pro tudo. Talvez seja isso: pro nada e pro tudo.
"Um deserto sem água numa noite sem lua, num país sem nome, numa terra nua."
Ouvi e fiquei pensando que essa pode ser uma linda definição pro nada. Ou pro tudo. Ou pro nada e pro tudo. Talvez seja isso: pro nada e pro tudo.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Enxergar
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
desabafo
andar no fio da navalha exige um pouco de coragem e muito de autolimitação. automutilação. é pôr-se um arreio a si mesmo. não olhar para o lado. seguir em frente e tentar se equilibrar.
por isso que estudar pra concurso emburrece.
por isso que estudar pra concurso emburrece.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
domingo, 31 de janeiro de 2010
Dentro
Pensei em dizer: "deve ser muito triste quando alguém com quem se dividiu a vida inteira morre". Mas, na verdade, disse: "deve ser muito triste quando alguém morre dentro da gente". ...quando alguém morre dentro da gente. É, deve ser mais triste, muito mais triste.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Fuga
Corro pra tua porta. Pra escapar da chuva. Corro pra tua porta. E fico presa.
Tola sou: a chuva é que era libertação.
Tola sou: a chuva é que era libertação.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Da série "Tão legal que dá vontade de dividir"
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
Convite
Eu te proponho seguir-me de olhos fechados.
Eu te proponho acompanhar-me, não importando a direção.
Eu te proponho guiar pelo meu ritmo.
Eu te proponho que te cales.
Assim como eu me calarei.
Eu te proponho a entrega mais completa.
Eu te faço uma proposta de aparência singela:
Uma dança?
E valsaram cúmplices,
invejados por todo salão.
Eu te proponho acompanhar-me, não importando a direção.
Eu te proponho guiar pelo meu ritmo.
Eu te proponho que te cales.
Assim como eu me calarei.
Eu te proponho a entrega mais completa.
Eu te faço uma proposta de aparência singela:
Uma dança?
E valsaram cúmplices,
invejados por todo salão.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Memória
Estava desesperado. Não se reconhecia naquele corpo. Era como se a bebida da noite anterior tivesse lhe tomado a identidade. Tivesse lhe domado. Restara bicho. Por isso lavava-se. Queria apagar as lembranças, até as corporais. Esfregava-se com tal força que a pele sangrava. Usava a força bruta que descobrira no dia recentemente.
Inocente. Como se a força pudesse rasgar a memória.
Inocente. Como se a força pudesse rasgar a memória.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Fuga
Todo quadro é um ponto de fuga. Ali o olho escapa. Atravessa a solidez esbranquiçada da parede. É a arte vencendo o cotidiano
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
salto
todo começo de ano é um salto no escuro. daqueles a única coisa que nos mantêm flutuando suavemente é a esperança. a esperança que se renova. e é a última a envelhecer.
Pedra-palavra
Pedra-palavra cai
Rola
Pedra-palavra para
No chão
Para e faz instalar
O silêncio
Para entre as pessoas
E instala a distância
Rola
Pedra-palavra para
No chão
Para e faz instalar
O silêncio
Para entre as pessoas
E instala a distância
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Quando
Ouvi a música aí de baixo por esses dias. Linda!
Ouvi e lembrei da literatura.
"Quando Eu Estiver Cantando
Composição: Cazuza / João Rebouças
Tem gente que recebe Deus quando canta
Tem gente que canta procurando Deus
Eu sou assim com a minha voz desafinada
Peço a Deus que me perdoe no camarim
Eu sou assim
Canto pra me mostrar
De besta
Ah, de besta
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Porque eu só canto só
E o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto redime o meu lado mau
Porque o meu canto é pra quem me ama
Me ama, me ama
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Porque o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto é o que me mantém vivo
É o que me mantém vivo"
Ouvi e lembrei da literatura.
"Quando Eu Estiver Cantando
Composição: Cazuza / João Rebouças
Tem gente que recebe Deus quando canta
Tem gente que canta procurando Deus
Eu sou assim com a minha voz desafinada
Peço a Deus que me perdoe no camarim
Eu sou assim
Canto pra me mostrar
De besta
Ah, de besta
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Porque eu só canto só
E o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto redime o meu lado mau
Porque o meu canto é pra quem me ama
Me ama, me ama
Quando eu estiver cantando
Não se aproxime
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Quando eu estiver cantando
Não cante comigo
Quando eu estiver cantando
Fique em silêncio
Porque o meu canto é a minha solidão
É a minha salvação
Porque o meu canto é o que me mantém vivo
É o que me mantém vivo"
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Escape
Olhava pra o passado, à procura de segurança. Olhava pra o passado, sem saber que ele é morto. Olhava pra o passado, sem saber que a morte contamina. E, como a mulher de Ló, virou uma estátua de sal. E, como a mulher de Ló, se achou inerte.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Como assim?
Por esses dias, precisei de uns textos que li no começo da faculdade. Procurando, aproveitei pra folhear um outro texto, também do começo do curso. Percebi que, nesse, eu tinha destacado com lápis o que considerei importante. Mas uma expressão estava destacada isoladamente, com caneta vermelha: 'violência legítima' (pra quem nunca ouviu falar, a violência praticada, por exemplo, pelo Estado quando obriga alguém a cumprir uma pena privativa de liberdade). Li e pensei que devo ter destacado dessa maneira como uma forma de forçar minha mente a guardar o termo. Sim, como uma forma de forçar... É que é muito estranho falar em 'violência legítima'.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Deus
Filha do tempo eu sou. Dele nasci e pra ele vou voltar um dia. Sou serva dele. Somos servos dele. Estamos aqui apenas para fazê-lo mais bonito. O tempo é Deus. O tempo é agora. Não amanhã. Não a eternidade.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Latitude
Na latitude 0, começa minha vida. A cada ano, passo a viver na latitude subsequente. Uma vez a cada ano, sou nômade. Uma vez a cada ano, sou nada e, por isso mesmo, tudo. Na latitude 0, começa minha vida. E na latitude 1, e na latitude 2... É, eu posso ter mais vidas que o gato.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)