sexta-feira, 10 de julho de 2009

Cinza, vermelho e poesia

O mundo jurídico me assusta.
As suas leis, regras, etiquetas, teorias.
Os seus ternos, gravatas, saltos altos e maquiagens.
As suas máscaras ou armaduras ou armadilhas.
No direito é sempre inverno.
E os tons são de cinza.
De fato, não há poesia nas leis.

Talvez eu tenha escolhido o curso errado.
Talvez, tudo seja culpa do vermelho...


"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare


— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."
(Manuel Bandeira)

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