quinta-feira, 7 de maio de 2009

dasabafo

Ontem à noite quando eu já estava me preparando para ir dormir passei a vista no canal da Globo e vi que estava passando Jô Soares que formava uma mesa de debate com mais quatro jornalista especializadas em política. Decidi assistir um pouco. Obviamente, eu não esperava nenhuma posição diferente da conservadora, mas é sempre bom ao menos parar para ouvir os argumentos da direita.

O assunto em pauta é a proposta de reforma política que deve ser votada por esses dias no Congresso. Mais especificamente a questão do voto em lista e do financiamento público de campanha. O que me assustou não foi nem tanto a posição defendida, mas a total falta de contraditório. Realmente não entendi o sentido de se ter 5 pessoas discutindo um tema se todas elas têm a mesma opinião em linhas gerais, tendo apenas pequenas discordâncias em detalhes, mas na essência as posições sobre todos os assuntos que acabaram sendo discutidos eram sempre iguais.

Sobre o voto em lista ele e elas eram radicalmente contrários, sob o argumento de que só favorece os caciques eleitorais e impede a renovação política. Concordo que estes são pontos a serem considerados e bem ponderados. Confesso que não tenho posição definida acerca do voto em lista, pois se por um lado vislumbro que de fato a possibilidade das listas serem completamente controladas pelos caciques de cada partido, vindo a favorecer sempre quem já está no poder e seus apadrinhados políticos, impedindo a renovação (claro que a possibilidade dessas consequências acontecerem ou não depende da legislação, pois é possível criar mecanismos de controle como, por exemplo, a exigência de convenções partidárias ou votação interna dos filiados para formar definir a ordem da lista); por outro lado, entendo que a votação em lista fortalece os partidos políticos, despersonifica o processo eleitoral - o que tende a torná-lo menos clientelista e paternalista -, a campanha política terá que se dar em cima de programas e não de pessoas, facilita a cobrança dos eleitores que recairá sobre o partido - e não sobre A ou B e nem haverá a possibilidade do partido se desresponsabilizar politicamente pelas atitudes de seus parlamentares, pois ao definir a ordem da lista interferiu diretamente na eleição deles. E justamente por não ter uma opinião definida é que eu acho importante o debate e debate foi tudo o que não houve no programa.

Sobre o financiamento público eu de fato discordo radicalmente dos "debatedores", pois acredito que o financiamento público facilita o controle, a transparência, impede o abuso de poder econômico, dificulta a corrupção e a existência de caixa 2 nas campanhas.

Mas enfim, para além das posições - nunca conflitantes - defendidas na mesa de "debate", o que me assustou, ou melhor, me indignou foram: 1. a ausência total de contraditório; 2. a forma como os argumentos contrários que existe sobre o tema nem mesmo eram rebatido, mas simplesmente desqualificados (em geral, a partir da desqualificação genérica sobre os políticos - veja bem, não que eu não que no congresso tem muito político corrupto, mas é que afirmações como "todo político é corrupto" ou outras do gênero apenas cumprem o papel de afastar a população do debate e da vida política do país); 3. o modelo norte-americano de democracia é o tempo todo mencionado como a referência, o melhor que existe, incontestável e que deve ser copiado - aliás, como tudo o mais que vem dos EUA -(e cá pra nós a democracia americana tem muitos problemas, a começar pela super concentração partidária o que gera um bipartidarismo, não na lei, mas na prática); 4. o pensamento de que a elite e a classe média são as únicas com discernimento suficiente para participar efetivamente da vida política e interferir nas decisões do país;

Este último ponto foi o que mais me indignou. Em certo momento, quando se debatia sobre o voto obrigatório foi mencionado o exemplo da Argentina em que o voto é facultativo. Aí uma das jornalistas presentes, chamada Lúcia Hipólito, disse que tinha sido um desastre porque aí só quem continuava votando era o voto de cabresto e " que as pessoas de bem, ou seja, a classe média e a elite" tinham deixado de votar e tinham se afastado da política. Essa frase e todo o pensamento que está por trás dela simplesmente me deixou FURIOSA.

Por fim, vale a pena mencionar ainda um dos assuntos comentados. A demissão de mais 100 pessoas que ocupavam cargos comissionados da INFRAERO. Tal fato foi louvado no programa. E eu louvo também. Porém, após a menção desse fato começou a se falar de que isso era essencial para a abertura de capital da INFRAERO e para a privatização dos aeroportos. E disso - a privatização dos aeroportos - que eu discordo completamente. Seria entregar mais um setor estratégico nas mãos da iniciativa privada e o que é estratégico para o desenvolvimento e segurança do país não pode estar nas mãos da iniciativa privada que vende qualquer coisa a depender do preço, que não cumpre os compromissos firmados com o poder público e que - é preciso que se desmitifique isso também - não trazem uma melhoria na prestação do serviço. Ah! Ainda falando sobre os aeroportos, antes que alguém diga: "você viu que não funciona aeroporto nas mãos do Estado, você não lembra do apagou aéreo?". Eu respondo: lembro sim do apagão aéreo (que em boa parte foi fabricado pelas companhias aéreas que cancelavam e atrasavam voos sem qualquer explicação) e que teve o claro intuito de pressionar a INFRAERO para privatizar os aeroportos, esse pleito vem ganhando força desde essa época e isso não é mera coincidência.

Bem, é isso. Ontem fiquei indignada com tudo que ouvi no Programa do Jô e suas "debaterdoras" e além de ter perdido uma hora de sono assistindo o programa, perdi mais uma rolando na cama sem conseguir dormir de tão irritada que fiquei. E isso é apenas um desabafo.

8 comentários:

  1. é, tentando entender como se deu no momento, vejo q se tem motivos de sobra pra ficar irritado.. e muito!

    mas esperar oq da globo ne? e do programa do jô? nada, além do q as piadas, sem graça, do começo do programa..

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  2. concordo em gênero, número e grau ctg. :)
    e, ah!, ontem eu vi umas coisas legais antes de dormir: um programa sobre maternidade e outro de entrevistas com zeca baleiro. por coincidência, ambos na tv brasil.
    :***

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  3. ah! eu vi também esse programa sobre maternidade.

    a tv cultura depois que virou tv brasil tá com um monte de coisas novas e legais, né?!

    beijos!

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  4. eu sempre gostei muito da cultura e confesso que, até hj, fico um pouco triste por não conseguir mais sintonizá-la na minha tv. :(
    acho que ela continua, não?
    por outro lado, não posso falar muito sobre a tv brasil pq, qd vejo alguma coisa, é antes de dormir. x)
    :***

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  5. falando em maternidade, acabo de ver um teste legal num site sobre signos. a pergunta que eles se propõem a responder é: qual o seu jeito de ser mãe? fiz e saiu pra mim: "Lua em peixes: MÃE DOCE, COMPREENSIVA E OBSERVADORA A mãe com o signo lunar em Peixes é doce, compreensiva e cheia de compaixão no coração. Tem uma percepção incrível de detalhes e nuances da realidade que a maioria das pessoas nem vagamente percebe. Dona desta sensibilidade especial, ela demonstra ter grande conhecimento de quase tudo que se passa na alma de seus filhos. É compreensiva e sente compaixão pelo sofrimento dos outros. É alguém com quem você sempre poderá contar, pois, para ela, o bem-estar do outro vem em primeiro lugar." :)
    vai lá!
    o endereço é www.personare.com.br/maes.
    ah!, não esquece de me dizer o resultado. :P
    :***

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  6. o meu estilo de ser mãe seria:
    "A mãe com o signo lunar em Libra, além de ser profundamente elegante, tem uma aptidão nata para encontrar soluções diplomáticas. Interessada em artes e cultura, essa mãe é um exemplo a ser seguido sob vários aspectos. É alguém com desejos de agradar, em todos os planos, e isso a torna uma ótima mãe. Mesmo tendo que se dedicar a cuidar dos filhos, ela ainda encontra tempo para se fazer bonita e interessante. Essa mãe é uma sedutora!"

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  7. hahahaaahhaha

    tô podendo, hein?!

    hahahahha

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