quinta-feira, 9 de abril de 2009
O piano
O cenário era comum. Nada que, à primeira vista, despertasse os sentidos dela. Um bar, alguns amigos, umas bebidas... Porém, inesperadamente, em meio ao barulho, aos risos e danças dos corpos negros que lhe rodeavam. Ela o avistou. Sentou ao lado daquele que é, sem dúvidas, o seu objeto de desejo. Não, ela não tem grandes sonhos de consumo. Não é fascinada por coisas tecnológicas ou luxuosas. Mas um piano sempre desejara. Por isso, sentou-se junto ao piano. Fechado e silencioso. Neste momento, todos os sons e pessoas sumiram-lhe dos sentidos. Ela se concentrava unicamente na poesia daquele piano. Procurava imaginar as melodias já tocadas naquele piano. Procurava ouvi-las. Resgatar a memória do piano e a sua própria memória. Resgatar as poucas notas que já havia ensaiado ao piano. E assim, extasiou-se. Durante alguns minutos ela existiu em razão daquele piano. Percebendo, então, um pequeno livro que um amigo trazia desprentensiosamente. Olhou-o. Percebeu que era de um dos seus favoritos. Apossou-se do livro e pôs-se a ler poesias. Baixinho. Apenas para si e para o piano. E foi assim que passou o resto da noite. Alheia às pessoas, às danças, aos risos, ao barulho dos bêbados. Nem mesmo o incômodo barulho dos bêbados lhe irritavam. Estava extasiada, repleta de música e poesia. Sorria serena. E apesar de manter o semblante calmo vivenciava aquele momento com toda a intensidade. Uma intensidade silenciosa, como o seu piano.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiro que um piano velho e um livro do drummond não fazem pra ti ne?
ResponderExcluir14 de Abril de 2009 23:36
e eu ficando, do lado, morria de ciumes dos intrumentos de extase da minha namorada
ResponderExcluirah! olha tb com quem você quer competir, né?!
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