sexta-feira, 10 de abril de 2009

Versos de Ted Hughes

"(...) Mas agora você precisava de uma praia
Como se ansiasse por uma droga. A abstinência de subcorrentes
A cegava, sufocava. Escurecia a escuridão já escura.
Como era imunda a Inglaterra! Só mesmo o mar
Para areá-la. Os sais do oceano purgariam você.
Você queria ser lavada, areada, quarada.
Aquela "jóia na cabeça" - a extensão trovejante, luminosa
De espuma em Nauset. O despropósito de caranguejos
E corrupios. Como ânsia de oxigênio,
Você sonhava antigos verões americanos, a pele negra de sol -
Alguma profecia perdida em algum lugar. A Inglaterra
Era tão pobre! Seria a tinta preta mais barata? Por que eram pretos
Todos os carros ingleses? Para esconder a sujeira?
Ou para serem respeitáveis, como os chapéus-coco
E os guarda-chuvas? Todo veículo era um carro fúnebre.
O trânsito, um remanescente silencioso
Do interminável enterro de Vitória -
O funeral da cor, da luz, da vida!
(...)"


Esses versos são parte de um poema escrito por Ted Hughes, que foi casado com Sylvia Plath. O poema se chama "A praia" e é uma especie de diálogo com Sylvia.

Tou já terminando o livro em que li esse poema ("Cartas de aniversário"), mas gostei tanto dos versos aí de cima que fiquei com vontade de compartilhar. Esses e os de um outro poema, que posto amanhã. :)

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