quarta-feira, 22 de abril de 2009

Gran Torino

Andava pensando que, até o fim do ano, não ia assistir, no cinema, a um filme que mexesse verdadedeiramente comigo. Não me perguntem por que pensava que isso ocorreria até o fim do ano. Talvez por se tratar de uma data carregada de simbologia, uma data que quer ser um convite à renovação da esperança. O fato é que, com meus botões, pensava que, até o fim do ano, não veria nada de verdadeiramente comovente em nenhuma sala de projeção cinematográfica. Pensava e ficava feliz por ter visto "Quem disse que é fácil?" lá pra fevereiro, acho, um filme que, se não estou enganada, aqui em Recife, só foi exibido no Rosa e Silva, mas que, ao menos pra mim, merecia um espaço muito maior. Não, não é um filme pretensioso. Longe disso. Arrisco mesmo dizer que um de seus trunfos é o desprendimento e, por consequência, a leveza. Mas não é sobre "Quem disse que é fácil?" que quero falar. Não. Hoje, quero mesmo é falar sobre "Gran Torino". Então, vamos lá.

Sempre cultivei, em certa medida, o hábito de ir só ao cinema. Quando quero ver um filme de (Clint) Eastwood, porém, como, vocês sabem, é o caso de "Gran Torino", uma das primeiras coisas que faço é achar alguém pra me acompanhar. Sim, porque Eastwood, embora me pareça magnífico, alguém que sabe dosar força (me refiro mais à força interior que à física) e sensibilidade ao mesmo tempo, via de regra, mexe comigo o suficiente pra me deixar, de alguma forma, mais vulnerável (digo 'mais vulnerável' porque, no meu entender, todos somos vulneráveis em certa medida. Alguns mais, outros menos, mas todos vulneráveis). Assim, fomos, ontem, Isabelle, uma amiga de longa data (como me disse ela ontem, amiga minha há "metade das nossas vidas"), e eu assistir a "Gran Torino".

Que filme maravilhoso! Como comentei após a sessão, o que de melhor já vi de Eastwood.

Confesso que só fui ver "Gran Torino" por ter sido dirigido por (Clint) Eastwood. Verdade, praticamente por obrigação, porque o trailer, com aquele enfoque todo e basicamente só na violência, não me atraiu. Fui, dessa maneira, imaginando que o acharia bom, mas só isso. Nada além. Qual não foi minha surpresa, portanto, ao ir me envolvendo mais e mais com o filme, até o ponto de, perto do final, estar - me desculpem o drama, mas foi isso mesmo - banhada em lágrimas. Banhada em lágrimas por tudo o que se havia desenrolado diante dos meus olhos, por ver como, por vezes, laços de sangue quase nada significam e como certos laços que construímos com outras pessoas que, por um motivo ou por outro, irrompem em nossas vidas podem ser significativos, podem nos ajudar e ajudar o outro no caminho. Laços e, entre outras coisas, filmes também, claro. :)

2 comentários:

  1. "... por ver como, por vezes, laços de sangue quase nada significam e como certos laços que construímos com outras pessoas que, por um motivo ou por outro, irrompem em nossas vidas podem ser significativos, podem nos ajudar e ajudar o outro no caminho."

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